Voava rente ao chão com medo de cair. Numa tentativa de se deslocar mais rápido que todos os que o rodeavam, de chegar mais alto, voava. Batia as suas pequenas asinhas com uma força descomunal. Contra o vento, contra a chuva, contra todas aquelas correntes de ar frio que, segundo todos os programas de vida selvagem, se deviam evitar de forma a manter-se mais tempo no ar com menos esforço.
Não voava acompanhado, muito menos numa formação enorme de aves ensurdecedoras. (...)
Galopam como se não houvesse amanhã. Hoje estão aqui, amanhã ali. Sem dono nem estábulo vão onde querem e quando querem. Não trazem nada, não levam nada. Julgam-se donos do mundo só porque podem o que nunca ninguem pode. Sem responsabilidades e com todas as regalias sem custos nem penalizações.
Visitam culturas e tiram selfiesjunto de monumentos antigos que destroem sem saber que o fazem. Comem como se estivessem em casa e julgam-se criticos de culinária. (...)