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O pior cego

Não, não quero ver, por isso fujo para mundos meus de leitura, filmes, series e agora também de escrita.

O pior cego

Não, não quero ver, por isso fujo para mundos meus de leitura, filmes, series e agora também de escrita.

30.Jul.20

Um lindo dia na vizinhança

     A história de um jornalista que tem de entrevistar uma personalidade da televisão americana. Poucos de nós, no nosso cantinho, devemos conhecer Fred Rogers. Muito famoso nos Estados Unidos da América pelo seu programa enquanto Mr. Rogers. Eu sei que antes de ouvir falar do filme, eu não o conhecia.

     Goste-se ou não deste tipo de filmes. Goste-se ou não da história. O que é certo é que todos temos algo a aprender com Mr. Rogers. Era uma pessoa sempre alegre, sempre bem disposta, sempre com uma palavra amiga e de compaixão para todos. O seu programa para crianças ajudava-as a tornarem-se melhores adultos, a saberem lidar com as suas emoções e com os outros. E para todos nós que nunca tivemos a oportunidade de ver o programa, esta é a nossa oportunidade de ter algum contacto e, quem sabe, aprender algo que podemos por em prática na nossa vida a partir de hoje.

     Gostar genuinamente das pessoas que nos rodeiam. Compreendermos quem está à nossa volta e compreendermo-nos a nós mesmos. Penso que todos temos a beneficiar com isso. Por isso quer vejas ou não o filme, não te esqueças de sorrir e de ser simpático para quem encontrares ao longo da tua vida. Vai fazer o dia dessa pessoa muito melhor e o teu também!


a beautiful day in the neighborhood.jpg

 

28.Jul.20

Um misto de nostalgia e aborrecimento

     Estou de férias e por isso voltei à cidade que me viu nascer. Uma cidade pequena, no interior que pouco ou nada tem para fazer. Ficaram amigos, ficaram familiares e apesar da pandemia não resisto. Já passaram demasiados meses sem os ver e as saudades começam a apertar. Aproveito uns dias de férias e após um curto confinamento voluntário regresso aquela que devia ser a minha casa. Já não é. Passaram demasiados meses. Demasiados anos. Já não é a minha casa. Esta já não é a minha cidade. Ao chegar reconheço tudo tal igual ao que deixei. Nada mudou. Só eu!

     Num misto de nostalgia e aborrecimento remexo as minhas coisas antigas. Algumas de que me lembro como se fosse ontem. Outras, poucas, podia jurar que nunca as tinha visto. Revejo livros. Tantas recordações guardadas numa simples capa de um livro. Posso não me lembrar da história que aquelas letras contam, mas lembro-me de como me estava a sentir. Até do que fiz enquanto o estava a ler. Revejo textos que escrevi. Relembro velhos sentimentos que ficaram para trás. Relembro pessoas que significaram tanto com quem nunca mais falei.

     Num misto de nostalgia e aborrecimento remexo nas minhas coisas antigas. Tanto talão guardado como recordação. Mapas de locais onde fui, para os quais nunca mais olhei. Panfletos, postais e sabe-se lá mais o quê.

     Já sem misto de aborrecimento e já só nostalgia encontro um talão, daqueles escritos em papel térmico. Está em branco. Os anos passaram e levaram com eles toda a tinta que um dia teve tanto significado. Apenas ficou este rectângulo branco para me lembrar que tudo isto faz parte do passado. Está na hora de voltar ao presente!

26.Jul.20

À pressa

     Estou a escrever este texto à pressa porque tenho de o publicar hoje, sem falta. Não pode esperar por amanhã, é demasiado importante. Não importa sequer a pontuação ou os possíveis erros ortográficos ou gramaticais. Estou a escrever este texto à pressa porque tenho de sair. Tenho de ir às compras a correr. Não posso demorar mais de 30 minutos porque depois tenho ainda de fazer o jantar. Não pode passar de hoje. Depois de jantar ainda tenho de passar a roupa a ferro e deitar-me cedo. Amanhã vai ser um grande dia. Começam as minhas férias e tenho de aproveitar o dia ao máximo. Vou-me levantar bem cedo e ir a correr para a praia. Às 9 horas, no máximo, já tenho de estar a apanhar sol, porque mesmo assim só vou ter duas horas antes da marcação no cabeleireiro. É neste estado de constante ansiedade que todos vivemos as nossas vidas.

     Olho à minha volta e vejo toda a gente a fazer tudo à pressa. Os limites de velocidade não são para respeitar, são meramente indicativos. Com licença, deixem passar que estou atrasado. Peço desculpa, mas agora não posso falar, que já tenho coisas combinadas. Ler um livro de 500 páginas? Nunca vou ter tempo para isso.

     Toda a gente tem pressa. Toda a gente está atrasada para alguma coisa, mas para quê? Porquê tanta pressa? Porquê cansarmo-nos dia após dia com coisas sem importância? Nem quando estamos de férias podemos relaxar. Temos de fazer tudo aquilo para que não temos tempo durante as nossas vidas super atarefadas. Temos de ir uma semana para fora aproveitar a praia. Temos de fazer uma limpeza grande à casa porque durante os dias de trabalho estamos demasiado cansados. Estamos tão ocupados e com tanta pressa para chegar, que nem nos apercebemos que não temos sequer um destino.

     Nestas férias não vou sequer obrigar-me a relaxar. Não vou meter um único objectivo. Mas vou tentar aproveitar e tentar aprender a deixar fluir e a viver e quem sabe possa transportar essa energia para o resto do ano.

24.Jul.20

[Alexander] Hamilton

     A história da fundação dos Estados Unidos da América. A história da revolução contra o Reino Unido. A vida de um dos fundadores dos Estados Unidos da América.

     Hamilton é a história de Alexander Hamilton. Eu não sabia quem era antes de ouvir falar do musical. Uma personagem histórica de grande importância para os EUA da qual penso que pouca gente ouviu falar. Neste filme, em forma de musical, ficamos a conhecer a sua vida.

     Se nada disto foi suficiente para te convencer a ver este filme, para mim também não o foi. A história de um americano do qual nunca ninguém ouviu falar? Ainda por cima em forma de musical? Não, obrigado. Esta foi a minha resposta até saber que na verdade não era realmente um filme mas sim um musical da Broadway. Sim, Hamilton é a gravação ao vivo de um musical da Broadway para o qual o preço dos bilhetes ao vivo chegaram a atingir mais de 1000 dolares. E que gravação! A meio do "filme" cheguei mesmo a esquecer-me de que estava a ver algo que foi gravado ao vivo. Sem cortes nem repetições.

     Se vale a pena passar mais de 2h30 a ver este "filme", que na realidade é um musical que bateu vários records de bilheteira e de prémios? Sem dúvida. Seja pela performance, pelas músicas e até mesmo pela história que acabou por me cativar, valeu a pena cada minuto. Depois destas 2h30 a meu único pensamento foi que tenho de adicionar ir a um musical da Broadway à minha bucket list.

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22.Jul.20

Uma forma de desligar

     Interagir com outras pessoas nunca foi fácil para mim. Ter o à vontade de estar a falar com alguém, de partilhar o que penso e o que sinto nunca me pareceu natural. Menos ainda quando sinto que ninguém quer saber. E torna-se pior quando vejo que as poucas pessoas que ouvem, não compreendem. Por isso fecho-me e fico sozinho. Escrevo e guardo, ou por vezes nem isso. Tento encontrar actividades que possa fazer sozinho. Actividades em que ninguém me vá incomodar. Mesmo assim, mesmo quando busco incessantemente por algum local em que possa estar sozinho e respirar, mesmo quando penso ter encontrado algo ou algum sitio, está sempre alguém. Está sempre o barulho das vozes, o barulho dos risos, o barulho da música. Numa altura em que estamos cada vez mais ligados, por favor, alguém me diga como posso encontrar uma forma de me desligar do mundo!

18.Jul.20

Fiz uma aula de yoga

     Hoje fiz uma aula de yoga. Nunca gostei deste tipo de coisas mas hoje decidi experimentar. Sempre achei que fosse impossível ter tantos beneficios como os que são anunciados nos videos que via na internet. Seja meditação, yoga ou qualquer outra acção que seja publicitada com tantos beneficios sem esforço só pode ser engano, mas ainda assim decidi experimentar.

     Tenho-me apercebido ao longo dos tempos do quanto desligados do mundo todos andamos. Olhava para todas as pessoas à minha volta e criticava o quão dependentes do telemóvel estavam e ultimamente tenho-me apercebido de que eu estou igual ou pior. Ao acordar, antes mesmo de sair da cama, verifico as notificações que tenho. Mesmo quando não há algo novo a chamar por mim abro uma das aplicações, sem pensar, e fico vários minutos a olhar para coisas das quais não me vou sequer lembrar depois do banho. Até no elevador, numa descida de menos de 1 minuto em que não tenho qualquer conexão, todas as manhãs, ainda meio a dormir tiro o telemóvel do bolso inconscientemente só para me distrair. Sim, cheguei ao ponto em que não consigo estar 1 minuto aborrecido.

     Resolvi dizer basta! Não sei se vai resultar. Tão pouco apaguei as aplicações ou decidi nunca mais as abrir. Qualquer resolução demasiado dramática está destinada ao fracasso. Mas para mim chega. Vou tentar reduzir o meu consumo de internet e das milhentas aplicações nas quais todos estamos viciados e para isso resolvi procurar ajuda na internet. Eu apercebo-me da ironia da situação, mas porque não usar o problema contra ele mesmo?

     Quase todas as recomendações são semelhantes. O truque é estar mais presente. O segredo é pensar no agora e esquecer o resto. Não ter medo de estar sozinho ou de pensar. Deixar que os pensamentos fluam. E para isso temos de usar ferramentas como a meditação e a verdade é que estes vinte minutos de yoga souberam bem. É como meditar, mas com movimento. Talvez não seja a solução para todos os males. Talvez até nem resolva nada, mas se passar vinte minutos por dia afastado do telemóvel já é um começo e senti-me bem melhor depois. Se tem alguma hipotese de ajudar, porque não experimentar?

13.Jul.20

Como escrever bem

     Como escrever bem?

     É bastante simples. Basta seguir a receita que tantas vezes ouviste e ignoraste. Ao ler imensos livros de conceituados autores a explicar tornou-se simples. Claro que os videos de entrevistas também ajudaram. E há sempre as ajudas dos editores também.

     Se respeitares a construção frásica que a tua professora de português tantas vezes te corrigiu. Se tiveres atenção à coerencia verbal de todo o texto. Se respeitares as regras de pontuação. Se não tiveres erros ortográficos. Se ao menos fosse assim tão simples..

     Achas que Eça respeitava todas aquelas regras para o avanço da história? Achas que Saramago respeitava a pontuação que a sua professora lhe ensinou? Achas que se Lobo Antunes apresentasse um dos seus textos num exame algum professor lhe dava boa nota?

     Para escrever bem as regras não importam. Escrever é uma arte como qualquer outra e, como qualquer arte, o importante é fazer alguém sentir algo. Nem que seja só uma pessoa. Se o que escreves tocar alguém, é um bom texto!

12.Jul.20

Chove lá fora

     Chove lá fora. Vejo um clarão seguido de um estrondo. A minha mente perde-se por momentos nos cálculos de infância - então, se a velocidade da luz.. e a velocidade do som.. isso quer dizer que a trovoada... - Mas rapidamente volto à realidade.

     Chove lá fora. Vejo um clarão seguido de um estrondo. A água escorre junto à estrada e sou de novo relembrado da minha infância - as brincadeiras que eu inventava quando tinha de ficar fechado em casa por estar a chover.. - Mas rapidamente volto à realidade.

     Chove lá fora. Vejo um clarão seguido de um estrondo. Depois de um dia de verão incrível, veio esta trovoada, normal com a chegada do calor, já anunciada pelos meteorologistas. Faz-me lembrar do inverno e ter saudades. Sim, hoje tenho saudades do inverno. Dos dias em que está frio. Dos dias em que chove. Dos dias em que podemos ficar em casa, aconchegados, sem a pressão constante de ter de aproveitar o dia. Hoje tenho saudades do inverno e de poder estar sozinho sem sentir a necessidade de sair e apanhar sol.

     Chove lá fora e sou lembrado de uma frase que ouvi à pouco tempo ("Aquilo para que olhas importa, mas não tanto como a forma como olhas ou com quem olhas") e, apesar de ser verão, para mim hoje é inverno.

     Hoje chove lá fora, mas também chove cá dentro.

11.Jul.20

Hoje não me apetece escrever

     Está demasiado calor. O verão chegou e a praia chama por mim. Pego num livro mais ligeiro e deixo aquele livro desafiante no escuro do meu quarto. Há meses que o estou a tentar acabar, mas hoje nem lhe vou tocar. A preguiça causada por este tempo está a chegar até mim e eu deixo.

     Com o livro numa mão e a toalha noutra vou até à praia onde está demasiada gente para me sentir confortável. Deito-me um pouco a apanhar sol. Viro-me e ao fim de poucos minutos acabo por desistir. Sento-me a tentar ler um pouco. Acabo a primeira página e mudo de posição. Mais uma página e tento mudar novamente. Mais uma página e fecho o livro. As crianças a brincar, os adolescentes a partilhar a sua música com a praia toda, as familias a aproveitar o bom tempo para estarem novamente ao ar livre, sem restrições aparentes. Todo este barulho é demais para mim. Pego nas minhas coisas e volto para casa.

     Em frente ao computador volto a rever o meu dia. Em frente a um ecrã branco que me ofusca a visão volto a pensar no que fiz hoje. Tento lembrar-me das horas a que me levantei, do que almocei, do que fiz de útil e nada. Em frente ao teclado tento fazer finalmente algo que considere produtivo. Tento escrever algo. Não importa o quê. Só importa conseguir passar algumas palavras para esta folha em branco e não sai nada. Hoje foi um dia não. Não consegui ler, não consegui fazer nada de produtivo. Hoje não me apetece sequer escrever. Amanhã volto a tentar!

05.Jul.20

Em busca do texto perfeito

     Procuro as palavras. Procuro a inspiração. Procuro tudo aquilo que sei que está dentro de mim e que não quer sair.

     Tento partilhar da melhor forma aquilo que me vai na cabeça. Tento que me saia através das mãos aquilo que nem através da boca consigo exprimir.

     Ao contrário da palavra falada, a palavra escrita tem tempo de ser ponderada. Tem tempo de fazer sentido e tem tempo para ser compreendida. Fica assente e não volta atrás. Não depois de ser partilhada.

     Naquele que penso ser o melhor meio para compreender ideias e pensamentos. Naquele que penso ser o melhor meio para conseguir transmitir todo o conteúdo e sentimento, todas as subtilezas e particularidades que ruminam nos cantos mais escondidos das nossas mentes. Naquele que considero ser o melhor meio para a partilha, é naquele em que mais luto. Na busca da palavra adequada. Na busca da construção de frase ideal. Na busca da ordem de pensamentos perfeita fico preso e não avanço. Não partilho, não acabo.

     Na busca do texto perfeito vou ter de continuar a partilhar estes que são o seu oposto.

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