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O pior cego

Não, não quero ver, por isso fujo para mundos meus de leitura, filmes, series e agora também de escrita.

O pior cego

Não, não quero ver, por isso fujo para mundos meus de leitura, filmes, series e agora também de escrita.

26.Mai.19

Não votei!

     Eu não vou votar!

     Eu sei que é um dever, que é um direito. Até concordo que o meu voto ia contar para alguma coisa e é por isso mesmo que não vou votar. Não vou votar porque não sei em quem votar. E por muitos bons argumentos que usem, não vou votar num mal menor. Fiquem descansados, os ofendidos, que não vou levar os próximos anos a reclamar dos politicos. Reclamo sim daqueles que tudo o que fazem é votar! Votar é um dever, mas é também o dever de votar conscientemente naquilo em que se acredita. Mais do que votar uma vez a cada quatro anos, o nosso dever numa democracia é votar todos os dias com as escolhas que fazemos. Não vou aliviar a minha consciencia com uma foto de instagram ou um post num blog a dizer que voto quando ao longo do ano não faço nada nem pelo meu vizinho (do qual nem o nome sei), quanto mais pelo meu país ou pelo mundo.

     Acredito na democracia e compreendo todo o seu poder e é por isso mesmo que não vou votar. Não vou deixar que uma cruz num papel sem pensamento critico, uma cruz num papel apenas influenciada pelos cartazes e panfletos que não dizem nada vá ditar o meu futuro. Não vou deixar que a minha falta de vontade em pesquisar, em compreender as várias opções vá ditar o vosso futuro. Eu acredito na democracia e é por isso que agradeço à abstenção e peço a todos aqueles que vão votar só por ser um dever que fiquem em casa. Não influenciem o futuro de todos inconscientemente.

     Todos temos o direito e o dever de votar, mas mais do que isso todos temos o direito e o dever de o fazer ao longo do ano e é por isso que eu confio em todos aqueles que o vão fazer conscientemente. Mais do que agradecer o direito ao voto, agradeço a todos aqueles que o fazem sempre por todos nós.

21.Mai.19

O post-it

     Procurava por todo o lado e não encontrava.

     Desde há muito tempo que tinha ganho o hábito de escrever em post-its para não se esquecer de nada. As listas de compras colava-as na carteira para saber se tinha tudo antes de pagar. Os títulos dos videos que queria ver mais tarde colava-os no computador para no dia seguinte estarem mesmo à sua frente. Tarefas das quais não se podia esquecer estavam coladas ao telemóvel por ser dos objectos para os quais mais olhava. Pequenos poemas estavam espalhados pelas paredes do seu quarto. Curiosidades e até frases de motivação podiam ser encontradas por toda a casa. Algumas receitas simples estavam no frigorifico e algumas outras em papeis todos salpicados de óleo estavam perto do fogão. Viam-se papeis coloridos a espreitar por entre as páginas dos diversos livros que tinha espalhados em cima da secretária e nas estantes.

     A sua vida era repleta de quadrados de todas as cores cheios de palavras e desenhos mas tinha-se esquecido de onde tinha metido um deles. Não conseguia lembrar-se do que tinha escrito nesse pequeno pedaço de papel amarelo (sabia que era amarelo porque foi dos primeiros que escreveu, ainda antes de descobrir que existia um arco-iris de possibilidades). De certeza que era algo de que se tinha esquecido e por isso tinha de o encontrar depressa. Mas lá estava ele, bem dobrado no meio do seu livro preferido, sem sequer poder dar utilidade à cola já gasta. Escrito com uma letra miudinha e cheia de curvas que a tornavam dificil de compreender, num papel que estava a perder a cor nos vincos de tanto ser desdobrado e voltado a dobrar leu algo de que era preciso ser relembrado:

"Sê feliz"