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O pior cego

Não, não quero ver, por isso fujo para mundos meus de leitura, filmes, series e agora também de escrita.

O pior cego

Não, não quero ver, por isso fujo para mundos meus de leitura, filmes, series e agora também de escrita.

22.Fev.19

O falso escritor

     Escrevia sem parar. Não livros nem mesmo contos. Por vezes nem histórias eram. Nada tinha nem principio nem meio nem fim. Não conhecia artimanhas para atrair o leitor nem sabia como utilizar as espressões correctas para descrever um sentimento ou uma emoção mas isso também não importava. O seu unico público era ele mesmo quando voltava a ler esses textos anos mais tarde. Muitas das palavras eram apagadas antes mesmo de as reler. Sabia que não tinham valor. Tudo o que escrevia era lixo. Literal e figurativo. Não escrevia algo real nem inventado. Tudo o que saia da sua caneta vivia num eterno limbo entre a existência e a imaginação.

     Nunca olhou para si como um escritor. Não ele. Não alguém que sempre olhou com desdém para as humanidades e para as disciplinas não exactas. Dois mais dois sempre foram quatro e se alguém escreve que o céu é azul é porque o céu é azul. Não há mais nada a discutir ou argumentar. Mas apesar disso continua a escrever. Não por gosto nem paixão mas por necessidade.

18.Fev.19

O escritor - bloqueado

     Todos os dias escrevia. Caneta e papel era tudo o que precisava para se sentir completo. Sentado onde fosse, ou até mesmo de pé, escrevia sobre tudo e sobre nada. Brincava com as palavras e elas brincavam com ele como velhos amigos. Enchia folhas sem fim. Autenticos livros com principio meio e fim. Rabiscava até nas margens de outros livros apesar de detestar estraga-los (porque para ele fazer qualquer alteração que fosse ao estado original das coisas era estragar). Por vezes, quando não tinha mais nada à mão, até o telemóvel servia como escape para toda aquela afluência de palavras que o sufucavam, sempre com a ideia de depois passar essas palavras para o papel. Nunca o fazia. Quando tinha papel novas ideias surgiam enão havia tempo para o que já tinha passado.

     Escrevia sempre sem parar. Nem mesmo as dores no pulso ao fim de horas de caneta na mão o faziam abrandar. Conseguia sempre escrever, menos quando tinha de o fazer.

16.Fev.19

O escritor

          Escrevia todos os dias. Com papel e caneta, sentado em frente à secretária, inventava as mais mirabolantes histórias de fantasia, guerra, romance. Descrevia as suas personagens com uma paixão só possível de se ter por alguém que se conhece melhor do que a nós mesmos. Todas elas tinham uma história, família e amigos. Todas as suas personagens tinham emprego, interesses nos tempos livres e lutavam por aquilo em que acreditavam. Tudo aquilo que escrevia estava cheio de significado, mais não fosse para ele, mas nunca publicava nada. Não, não era capaz. Faltava sempre algo ao texto. Apesar de todos os dias jogar com as palavras, nunca eram as certas para descrever aquilo que ele via na vida das suas personagens. E ele não as podia partilhar com o mundo enquanto o texto não estivesse perfeito, enquanto as palavras não descrevessem a realidade. Aquela realidade que só ele via nas personagens que faziam parte dele e que o descreviam melhor do que ele se conseguia descrever a ele mesmo. Ele não ousava partilhar algo que não estivesse concluido, mas ainda menos ousava concluir algo que ele não queria que terminasse.